sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Rei morto, rei posto



Por José Henrique Mariante
Folha de S. Paulo 
Sábado, 29 de abril de 1995

Você quer cultuar uns dos maiores pilotos de todos os tempos que, como um verdadeiro herói, morreu durante sua missão, defendendo as cores de seu país?

Em tempos modernos, basta passar na loja e comprar um óculos feito em titânio que custa US$300.

Além de causar sensação na praia, você estará colaborando para erradicar a fome das crianças brasileiras.

Coisas como ter pôster no guarto e assistir corrida antiga gravada no vídeo, não estão com nada. Pois, afinal, não ajudam a manter o sonho do nosso herói, que se espatifou há um ano na Tamburello.

Por isso, devemos associar nossas ânsias consumistas com o coveniente paliativo de estar ajudando os mais necessitados.

Lamento, mas isto é história para boi dormir.

Senna morreu há um ano e seu nome e imagem estão sendo utilizados para gerar lucros, por mais que os royalties sejam destinados para programa disso e daquilo.

Seria muito mais ético chegar para as pessoas que ganharam dinheiro no rabo do foguete que foi Senna e cobrar, de cada um, a cota devida.

Muita gente chorou a morte de Senna, Via satélite, o público não quis acreditar na morte transmitida ao vivo. No funeral, não houve jeito. Era mais fácil ceder à catarse coletiva, impulsionada pela TV.

Depois de um ano, passada a comoção, aparecem as distorções.

Como a aposta exagerada em Barrichello, que recebe tratamento de superpiloto sem ainda ter alcançado este nível.

Um imediatismo daninho, que pode prejudicá-lo mais tarde.

E, o paradoxo, o decreto de alguns que dão como certo o fim próximo da maior categoria do automobilismo mundial, num estalar de dedos.

Senna morreu e no lugar dele fabricaram um outro Senna, que dá lucro, que serve aos interesses imediatistas, que justifica uma porção de bobagens.

Como não haverá outro igual por um bom tempo, o negócio é utilizar o que sobrou, da melhor forma possível. Da maneira mais rentável.

De qualquer forma, o verdadeiro fã continuará, a sua maneira, a venerar seu herói. Como muitos cultuam outros heróis mortos nas pistas. Não precisam de óculos de titânio.




FONTE PESQUISADA

MARIANTE, José Henrique. Rei morto, rei posto. Folha de São Paulo, São Paulo, 29 de abril 1995, Esporte, p. 4-5.


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Opinião blog Senna Vive

Aproveitando o gancho da matéria... uma reflexão.

A família – irmãos e sobrinhos de Ayrton – se esbaldam com a fortuna que Senna deixou e a outra fortuna que ganharam com o nome dele (com sua morte). E isso desde a morte dele, nesses anos todos.... Vivem no luxo e como reis, realizando todos seus desejos (ex.: Leonardo, irmão de Ayrton, comprou uma Lamborghini por 2 milhões de reais, meses depois da morte do irmão, adquiriu também imóveis como em Campos do Jordão, etc... depois uma Ferrari; a irmã Viviane se cobriu de jóias... viagens... também comprou imóveis, carros de luxo, deu tudo do bom e do melhor para a família dela, filhos, e é assim até hoje. Os pais do Ayrton, idosos, nunca ligaram muito, não tem esses tipos de desejos). Escondem o jogo por causa do Instituto de caridade que fundaram em 94. Leonardo escondia a Lamborghini e a Ferrari na casa de campo, passeava com um Audi RS2, na época também de luxo, porém bem mais barato. Por um lado não estão errados nessa parte, de jeito algum, dinheiro é para isso mesmo, não está com nada ser avarento (embora seja fácil não ser com o dinheiro dos outros). Deixando claro que admiro demais pessoas simples, mas é bem diferente de ser avarenta... O outro lado, é aquele que já sabemos, o quanto eles perturbaram o Ayrton justamente por causa do dinheiro dele. Quando Senna morreu tudo mudou, antes davam conselhos a ele a respeito de se controlar mais, sobretudo seu Milton, o pai dele. Queria até controlar a fortuna e a vida do filho. Até taxaram Adriane Galisteu de golpista. Depois que ele morreu passaram a gastar exorbitantemente para realizarem seus sonhos, e é assim até hoje. Seu Milton, outrora avarento, passou a não ser mais tão rígido com dinheiro... bem diferente de quando Ayrton era vivo e dono de tudo. É a vida!

Para finalizar, seu Milton hoje não comanda mais nada, está bem idoso e doente, e sim Leonardo e Viviane. Dona Neyde (mãe de Ayrton), sempre gostou de ser dona de casa, nunca se envolveu com os negócios. O máximo que fez foi ajudar um pouco no Instituto. Atualmente é a procuradora do marido, ou seja, assina contratos pelos dois, em negócios feitos por Léo e/ou Viviane, por exemplo. 



Um comentário:

  1. E a "golpista" Adriane Galisteu tá aí. Nunca mais, depois da morte do Ayrton, tocou em um centavo sequer dele. Até hoje, pra quem conhecia o Ayrton de perto e para os fãs dele, ela é essa pessoa humilde, trabalhadora e que sempre fala do Senna com muito carinho, respeito e admiração.

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