sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Adriane Galisteu, Um Ano Depois da Morte de Ayrton Senna

Revista Caras – 28 de abril de 1995

Adriane e Ayrton

Como você se sente, um ano depois da morte de Ayrton Senna?
Fui muito feliz e muito infeliz em muito pouco tempo. Desde que ele morreu, passei por momentos duros. Tive problemas de dinheiro, de solidão. E não havia ninguém para me amparar, como o Beco costumava fazer. Mas superei a maior parte das dificuldades.

Você costuma depositar flores no túmulo do piloto?
Desde os funerais de Ayrton, eu voltei três vezes ao cemitério. A primeira vez, dez dias após sua morte, depois no dia do Natal, que é uma data particularmente triste para mim, e há pouco tempo, em 21 de março, quando ele faria aniversário, a convite de duas crianças que queriam prestar uma homenagem ao seu herói. As visitas a seu tumulo têm o poder de me trazer de volta à realidade. Ali caio na real. Saio mais leve, sempre.

Em que situação você pensa nele?
Em qualquer uma. Posso estar no meio de uma conversa, dirigindo, me dá um branco e eu me concentro na sua imagem. Imediatamente uma calma incrível se apodera de mim. Me sinto reconfortada.

Tem acompanhado a nova temporada de Fórmula 1?
Não. Mas também não consigo me desvincular dos motores. Tenho bons amigos na Fórmula 1, como o Berger [piloto], o Michael Andretti [piloto]. O próprio Frank Williams [dono da Equipe Williams, último patrão de Ayrton Senna] mandou me dizer que leu meu livro [Caminho das Borboletas] e gostou. Estive em Ímola, convidada para ver as reformas na pista onde Ayrton morreu. Não existe mais a curva Tamburello, mas eles conservaram o muro contra o qual ele bateu. As pessoas depositam flores e lembranças ali. É muito triste ver que duas vidas tiveram de acabar naquele lugar para que as providências quanto à segurança fossem tomadas.


Ayrton e Adriane


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A impressão que tenho é de que Frank Williams, dono da equipe de fórmula 1 Williams, equipe pela qual Senna perdeu a vida, ficou extremamente preocupado com o destino de Adriane Galisteu, depois da morte de Ayrton Senna. No dia do enterro de Ayrton, ele mandou chamar a modelo e pediu perdão a Adriane, dizendo que "sentia muito". E depois de um ano do ocorrido, como relatou essa reportagem da Caras, ele mandou um recado para Adriane dizendo que havia lido o livro dela e gostado. 


Ayrton Senna e Frank Williams em 1994

Ayrton pediria Adriane em casamento no dia do acidente, portanto ela perdeu seu futuro marido. Há relatos também de que Frank Williams pressionou Ayrton a correr em Ímola, além do mais o brasileiro perdeu a vida em um carro da equipe do inglês. Ayrton estava no melhor momento de sua vida, muito feliz com a amada. Por tudo isso, acredito que o chefe da Williams pode ter ficado com remorso, consciência pesada, por ter pressionado Ayrton a correr em Ímola, depois do piloto pensar em desistir da prova. É esse o entendimento que tenho ao saber das atitudes solidárias de Frank Williams para com Adriane Galisteu. Afinal de contas, Adriane perdeu o grande amor de sua vida, perdeu seu futuro marido, o belo futuro que teriam juntos, ela perdeu tudo.  

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Uma curiosidade: essa reportagem saiu um ano após a morte de Ayrton e também há exatamente um ano depois da publicação dessa Caras com Ayrton e Adriane Galisteu na capa. Essa edição foi um marco na revista, vendeu mais de 1 milhão de exemplares. 


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FONTE PESQUISADA

CARAS - Adriane Galisteu reza no Vaticano. Modelo vai a Roma fazer suas preces por Ayrton Senna. Revista Caras, São Paulo, Edição nº 77, Nº 17, ano 2, Editora Abril, 28 de abril de 1995.


GALISTEU, Adriane. Caminho das Borboletas. Edição 1. São Paulo: Editora Caras S.A., novembro de 1994. 

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