quinta-feira, 30 de maio de 2013

Última Vitória de Ayrton Senna na F1 Adelaide 1993

Não fosse em Suzuka a vitória de Ayrton na chuva depois de cinco meses de jejum, a sua discussão acesa com Ron Dennis ainda devido ao rescaldo do Estoril e a sua cena de pancadaria com Eddie Irvine porque o estreante o obstruiu e depois, com uma volta de atraso decidiu passar Senna ("não és um piloto, mas um idiota" - Senna), e a vitória de Senna na austrália, dando o vice-campeonato à McLaren e o recorde de vitórias, e o ano já poderia ter terminado ali no Estoril.

Mas, não. Se assim tivesse sido teria terminado com sabor amargo. Em Adelaide, no seu clima habitualmente festivo e já de férias, tudo de mau foi esquecido, enquanto se recordaram todos os momentos bons do passado.


Para Ayrton foi um GP muito especial pois ele "não queria sair da McLaren da mesma forma como Prost havia saído um ano antes da Ferrari". Ele queria retribuir a Ron Dennis, a Jo Ramirez e a todos da equipe os seis anos esplendorosos que passou com eles, com três títulos mundias e muitos recordes, vitórias e alegrias e momentos difíceis que todos suplantaram. Ayrton havia chegado a Adelaide, a bordo do seu jatinho, vindo do Tahiti, onde havia passado uns dias com Adriane. Bronzeado, bem disposto, parecia com novo ânimo, para enfrentar novos desafios. Muito diferente do Senna de anos anteriores, desmotivado.




Ele queria tanto essa vitória que antes de sair para o grid enfiou uma bandeira verde no bolso do macacão, para o caso de não encontrar nenhum torcedor perto a quem roubasse uma bandeira na volta da consagração. E foi esse trapo verde que ele acenou com emoção redobrada, de despedida de Ron Dennis, da McLaren, e nele enxugou as lágrimas no momento de abraças Ron, à chegada.


Jo Ramirez havia reservado o salão grande de “La Tratoria” em nome da Philip Morris para essa noite. Quando Ayrton e Adriane entraram, de mãos dadas, não previam o que iam encontrar: uma festa de homenagem a Ayrton pelos seus seis anos de Marlboro McLaren. Foram momentos emocionantes principalmente para Ayrton, Jo e Ron. Estavam esquecidas as discussões, as amarguras, a separação. Ficavam apenas as boas recordações, estampadas no quadro que Jo entrega a Ayrton com as lágrimas nos olhos. Dois bons amigos se separavam.



Um trapo verde que o sonho transformou na bandeira do Brasil. Acenado com paixão. Aplaudido com saudade da pátria, com veneração pelo ídolo. Foi sua última bandeira verde. Sua última vitória. Suas últimas lágrimas de alegria dentro de um F1.



Naquele pano verde que Ayrton tirara do bolso à tarde, a simbólica bandeira do Brasil, todos nós deveríamos ter ensopado nossas lágrimas pois essa foi a sua derradeira vitória.

FONTE: Livro Ayrton Senna do Brasil de Francisco Santos


Em sua última vitória Senna se reconcilia com Prost















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